Acredite: o Brasil venceu!

Parece que esse “jeitinho brasileiro” de acreditar que tudo é possível, que podemos deixar para resolver na última hora, no último minuto, mostrou-se finalmente, perigoso e ultrapassado.

Um amigo perguntou por qual motivo não havia manifestado minha opinião sobre o fatídico jogo envolvendo as equipes do Brasil e da Alemanha.



Resposta: porque acreditei que tudo o que podia ter sido manifestado naquele momento já havia sido sacramentado, exumado, enterrado e, sendo assim, que seria redundante.



Não sou político, jornalista e nem comentarista esportivo, a saber: sou apenas um brasileiro apaixonado por liderança e comportamento. Assim como todo bom brasileiro, naquele fim de tarde lamentável, ouvi atentamente tudo o que foi dito sob a ótica esportiva, com um misto de tristeza e indignação. Agora que tudo passou, pude finalmente perceber que aquele “apagão” em campo foi, possivelmente, a melhor representação sistêmica sobre a realidade apática da falta de liderança existente em muitos segmentos do nosso país.



Dizer que a seleção brasileira representa a nação brasileira não é correto e soa muito displicente, mas traçar um paralelo daquilo que aconteceu em campo com a nossa realidade atual é pertinente para podermos observar que o fato em si traduz – e muito – o que vem acontecendo, ultimamente.



A apatia das atuais lideranças brasileiras com as manifestações ocorridas em vários segmentos antes do evento da copa do mundo, traduziu-se em campo com a mesma apatia e, posso afirmar por observação, o estado catatônico da comissão técnica diante de tamanha organização, força de vontade e espírito de equipe da seleção alemã, que além de vencer o jogo e garantir sua vaga para a final, mostrou que não basta apenas ter vontade de vencer: é preciso, acima de tudo, treinar para vencer.



Parece que esse “jeitinho brasileiro” de acreditar que tudo é possível, que podemos deixar para resolver na última hora, no último minuto, mostrou-se finalmente, perigoso e ultrapassado.



O Brasil vem vivendo esse “apagão” de líderes justamente por não investir na capacitação de novas lideranças. Lembre-se de que estamos importando médicos, não é mesmo?



A seleção brasileira é, na minha opinião, o retrato vivo deste “apagão”, pois quase todos os jogadores não residem no Brasil, não vivem a nossa realidade, são “importados”. Reflita comigo: se estamos importando jogadores para representarem o nosso país, imagine em outros segmentos? Estão cogitando em rede nacional de que precisaremos, inclusive, importar técnicos de futebol, um verdadeiro absurdo.

Onde foi parar o nosso orgulho? Onde foi parar o nosso patriotismo? Poderemos resgatar este amor pelo Brasil? Ou ficaremos apenas com aquela imagem conveniente de torcedores cantando o hino nacional nas arquibancadas?



Existe um provérbio muito sábio da tribo indígena cherokee que diz “ouça os murmúrios para não ter de ouvir os gritos” e quero citá-lo aqui, pois foram incansáveis os murmúrios antes e durante a copa. Infelizmente, agora só nos resta ouvir os gritos deste povo que tanto acreditou e torceu para que o Brasil vencesse em campo, como se fosse a representação de um sonho em que se é possível vencer apenas sonhando.



E as nossas crianças chorando no estádio? Com certeza, não é uma cena agradável de se ver.

É preciso mudar hoje para vencer o amanhã. É preciso treinar, se dedicar incansávelmente para ser um vitorioso no jogo da vida: esta sim é a maior de todas as nossas copas.



Que estas mesmas crianças possam assistir este filme daqui há alguns anos como adultos vitoriosas por terem transformado seu choro em determinação e, deste modo, terem vencido definitivamente o jogo contra o “jeitinho brasileiro”, nosso maior adversário.



E eu quero dizer que o Brasil venceu apesar da derrota humilhante em campo.

Desvendemos os nossos olhos, libertemos as amarras da hipocrisia: não basta apenas ficarmos torcendo sentados para uma seleção brasileira ficar campeã, pois isso é realmente a melhor forma de se traduzir o ato inconsciente de “darmos um jeitinho” para, momentaneamente, nos sentirmos motivados, um pouco mais felizes, é um mecanismo de compensação, um falso ideal, é passageiro.



É preciso também que nossas lideranças desempenhem melhor o seu papel e assumam suas responsabilidades, chega desta apatia generalizada: temos um país com uma ineficiência humilhante de serviços públicos básicos com uma das maiores cargas tributárias do mundo, somos líderes das causas perdidas, lideramos rankings mundiais negativos como saúde, educação, segurança, entre outros.

É preciso torcer cada vez mais pelo nosso povo que mostrou com muita dignidade que podemos ser campeões no atendimento, na criatividade, na solidariedade, na força de vontade, em mostrar que temos algo a oferecer ao mundo, além do futebol.



Acredite em você, não espere mais 4 anos para torcer novamente para o Brasil, comece torcendo agora, neste exato momento.



Você é o único que pode decidir esta partida.



Acredite!

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